Histórias de Vidas

  
Mônica Falcão

Quando iniciei atividades no Projeto Moinho Solidário eu tinha 24 anos, estava noiva, morava com minha mãe e irmãos, havia concluído ensino médio 7 anos. Havia anteriormente trabalhado informalmente como secretária atendendo demandas de pessoas carentes que procuravam ajuda financeira.

Desde sempre sonhava em fazer um curso superior e trabalhar como assistente social, pois sentia de perto as necessidades de pessoas vítimas do descaso social. Percebi que o que precisam são de direitos não apresentados com clareza aos mesmos.

Ao fazer parte do Moinho Solidário passei a conhecer novos horizontes, aprendi a lidar com as diferenças, conheci o poder das palavras, do conhecimento, do respeito ao próximo independente de suas limitações ou ponto de vista, conheci alternativas que dão esperança as pessoas esquecidas, enfim, obtive um grandioso crescimento pessoal e profissional e isso não tem preço.

  
Comunidade Coroa da Lagoa
Simões Filho - Bahia

  

Sandro Andrade,

Brasileiro, nordestino, baiano, nascido e crescido nas periferias de Salvador. Um rapaz humilde, trabalhador, tímido, mas de personalidade forte, feliz e com apenas 22 anos.  Vivi maior parte da minha infância dentro de casa por conta de meus pais serem muito rigorosos, ficava pouco tempo na rua, só saía pra ir para escola, igreja e ás vezes um passeio nos fins de semana. 
 
Sempre fui bastante estudioso, tirava boas notas, considerado pelos professores e professoras um ótimo aluno e como todo garoto sonhava em ser jogador de futebol. Com 11 anos passei a morar no bairro do Arenoso onde sofri com a separação de meus pais, saí da igreja, me interessei menos pelos estudos e conheci a verdadeira realidade das comunidades carentes. Assustei-me bastante com a violência, pois passei a ver coisas que eu não via nem na televisão, era muito chocante pra mim. 
  
Nunca passei fome, mas como todas as pessoas, passei muitas dificuldades e mesmo assim não segui o caminho errado.  Busquei sempre trabalhar, reciclei para ter dinheiro para sair, fugia de casa para jogar bola e ir conhecer outros lugares com os colegas, namorar e etc. Com o decorrer do tempo fui me acostumando e aceitando a vida desorganizada que levava, passei a trabalhar como ajudante na metalúrgica que meu pai trabalha, era bastante esforçado, aprendi rápido e comecei a fazer o mesmo serviço que os profissionais faziam. 
 
Com o tempo me deixei levar pelas amizades, comecei a bagunçar no trabalho e fui demitido. Mas o pior não foi a demissão e sim descobrir que o dono da empresa falava que o único que ele não demitiria era eu, porque eu era esforçado e por conta dessa descoberta passei um bom tempo depressivo. Mas como sempre acreditei em DEUS, porque sem ele eu não estaria conseguindo sobreviver nesse mundo que tem tanta injustiça, desigualdade, preconceito e que ás vezes me traz muita revolta. Superei muita coisa quando Deus colocou a música em minha vida, pois a música me fez tirar as besteiras da minha cabeça.

Depois de tantos acontecimentos, fatos que meus familiares nem imaginam que aconteceu comigo e sem perspectiva de vida, minha mãe que vem fazendo parte da economia solidária há muito tempo através de uma cooperativa, me fez um convite para participar da seleção do projeto Moinho Solidário e para surpresa dela eu aceitei, pois eu necessitava trabalhar. A grande ironia é que ela costumava usar os princípios da economia solidária dentro de casa e eu era único que zombava dela. Em fim passei na seleção do projeto e comecei a trabalhar como Agente de Ação Social, função que executo até hoje. 

Apesar do dinheiro me ajudar bastante, eu não estou no projeto até o momento por conta disso e sim pela necessidade de colocar pra fora algo que não pode ficar reprimido, pelo prazer de trabalhar, de pregar a economia solidária, de interagir, de me sentir vivo, pela brincadeira seria e porque sou teimoso mesmo, não quero deixar de viver o que se é pra viver o que se tem. Não quero aceitar as condições que me dão, quero criar as minhas. Não gosto que julguem as minhas escolhas sem entender meus motivos, pois não sabem o que eu passei.Não tenho medo de tentar, mudei minhas atitudes pra mudar meu destino. Eu nunca vou desistir do que eu quero, sabe por quê? Deus existe. 

Hoje eu tenho um sonho, meu sonho não é ser mais jogador de futebol e muúsico famoso, meu sonho é dar uma vida melhor para minha família, e eu descobri que existem vários caminhos além de música e futebol. O Projeto Moinho me fez adquirir experiência, criar um foco e uma perspectiva de vida que eu não troco por nada. Manifestou-se um sentimento muito forte em mim pelo projeto e pretendo ir até o fim, conseguir atingir todos os objetivos. 

Atualmente penso em cursar direito e mostrar que essa profissão não é só de rico e sim de todos que querem, estudam, se esforçam, desafiando-me e superando-me a cada dia. Apesar de ter perdido muitos amigos, sou feliz simplesmente por está vivo, não exatamente por mim e sim pelos meus pais, imaginar eles chorando por minha causa é uma das piores coisas que sinto, quero dá orgulho a eles, pois sei que todos os pais tem esperança de ver seu filho bem sucedido na vida, vou retribuir toda criação e carinho que me deram da melhor forma possível. 
    
Hoje eu acredito que uma das minhas missões além de expandir a palavra de DEUS é defender e ajudar as pessoas que precisam e buscar um ótimo testemunho para que através dele, outros percebam que é possível ir em busca dos seus sonhos. Ultimamente eu tenho aprendido tanto, que acredito que eu tenha crescido junto com tantas verdades e dificuldades, aprendi que devemos nos permitir, nos desafiar e aproveitar cada momento sempre colocando DEUS em primeiro lugar. Agradeço muito a DEUS por tudo, familiares, amigos e minha equipe de trabalho por estarem sempre me apoiando nessa jornada.

Comunidade do Beirú,
Salvador- Bahia


 Ellen Santiago

Entrei  no Projeto no ano de 2011, foi um momento muito especial para mim, naquele momento fiquei perdida por que eram muitas informações, mas estava feliz pela oportunidade, pois eram minha primeira oportunidade no caráter profissional.

O Projeto Moinho Solidário significou um avanço muito grande em minha vida pessoal, pois abriu muitas portas, tive a oportunidade de estar em espaços que nunca imaginei estar, mas a maior mudança foi em minha forma de pensar, sou uma pessoa mais consciente e sei que posso fazer a diferença.

Hoje eu tenho muito orgulho do que faço e acredito nos princípios da solidariedade, tive possibilidades de sair do Projeto, mas optei por ficar, por que acredito que os frutos do nosso trabalho já estão aparecendo e entendo que esse trabalho é importante para a comunidade.

Até aqui tive altos e baixos no Projeto, mas acredito que esse é o nosso melhor momento, então, vamos que vamos!

  Comunidade do Beirú
  Salvador-Bahia


Daniela Cerqueira, 

  
Quando eu entrei no projeto eu tinha 19 anos, era casada, minha filha tinha um ano e alguns meses, morávamos de aluguel, meu esposo estava desempregado, eu cuidava de crianças e fazia tarefas em cadernos para uma escola particular, fazia umas atividades na igreja, especialmente com crianças.
   
Eu saia pouco, parecia um bicho do mato, da igreja para casa, da casa para a igreja, cuidava da casa e de minha filha, apesar de ter concluído o ensino médio não procurei outra formação. Minha vida mudou depois que fui participar de uma reunião na associação da minha comunidade, chegando lá recebi o convite para participar da seleção para atuar no projeto Moinho Solidário, passei e fui fazer a primeira formação.
    
Dois meses depois me separei, voltei a morar com minha mãe, fiz vestibular para o Curso de Serviço Social, passei, comecei a estudar, continuei no projeto e aprendi muita coisa sobre Economia Solidária, cooperativismo, liderança, trabalho em equipe, mas o que eu nunca vou abrir mão e que foi algo que consegui no projeto foi minha autonomia e a força de lutar pelos meus objetivos e nunca me contentar com o mínimo. 
     
Eu gosto de inovação, de superação, eu desenvolvi minha fala, sou bastante segura do que falo, do que faço e não foi algo que conquistei da noite para dia, eu fui aperfeiçoando com o decorrer do tempo, atuando com a comunidade.
     
Hoje eu tenho dois anos no projeto, tenho 21 anos, estou no 5º semestre da faculdade, ajudei minha mãe a conquistar a casa própria e fico regozijada em ver os frutos do meu trabalho, o reconhecimento da comunidade, das pessoas, saber que eu posso contribuir para mudar a historia de vida de alguém e até a minha é uma grande satisfação.

     
     Comunidade do Beirú
     Salvador-Bahia

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